Renato Araújo RamosViajar ao Monte Roraima foi uma das experiências mais transformadoras da minha vida. Este colosso de pedra, localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, não é apenas um destino turístico; é uma porta de entrada para o sagrado, o ancestral e o desconhecido. A cada passo, senti que estava me conectando a algo maior, algo que transcende o tempo e a lógica.
Neste roteiro, compartilho minha jornada, os desafios, os encantos e as dicas práticas para quem deseja seguir este caminho. Deixe-me ser seu guia nessa viagem imersiva e inesquecível.
Dia 1: Chegada a Boa Vista e Preparação
Minha aventura começou em Boa Vista, Roraima. A cidade é o ponto de partida para quem deseja explorar o Monte Roraima. Após uma noite de descanso, dediquei o dia a organizar tudo com o operador local que contratei para a expedição. Dica importante: contrate uma agência ou guia experiente. Eles cuidam da logística, desde o transporte até os carregadores.
À tarde, aproveitei para checar meu equipamento. Mochila confortável, botas de trekking já amaciadas, roupas leves e um bom casaco para o frio do cume eram essenciais. Também comprei alguns snacks energéticos. A expectativa crescia; estava pronto para conhecer o “Guardião do Mundo Perdido”.
Dia 2: Paratepuy – A Trilha Começa
Na manhã seguinte, partimos para a vila de Paratepuy, na Venezuela, onde a trilha começa. A estrada até lá é repleta de cenários encantadores, com vastos campos dourados e o Monte Roraima despontando no horizonte como um gigante silencioso.
A caminhada do dia foi relativamente tranquila, percorrendo savanas abertas até o primeiro acampamento. A energia do grupo era contagiante, e a cada pausa, trocávamos histórias e expectativas. Quando o sol se pôs, um céu estrelado nos envolveu, e senti que o universo conspirava a favor daquela jornada.
Dia 3: A Grande Aproximação
No terceiro dia, o Monte Roraima estava cada vez mais próximo, mas o caminho se tornava desafiador. Cruzamos rios gelados (leve sandálias para essas travessias!) e enfrentamos terrenos mais íngremes. O espetáculo natural era impressionante: aves coloridas voavam ao nosso redor, e pequenas cascatas surgiam do nada.
Chegamos ao acampamento base ao final da tarde, de onde o tepui parecia quase inalcançável. A imponência da montanha me fez refletir sobre os desafios internos que trazemos em nossas jornadas pessoais. O silêncio ao redor era profundo, mas carregado de significados.
Dia 4: A Subida pela “Rampa” e a Chegada ao Topo
Este foi o dia mais emocionante e exaustivo da viagem. A subida pela “Rampa” exigiu força física e mental, mas a recompensa foi indescritível. Quando finalmente pisei no platô do Monte Roraima, parecia que havia atravessado um portal para outra dimensão.
As formações rochosas eram surreais, como se escultores invisíveis tivessem moldado aquele lugar por milhões de anos. O topo estava envolto em uma neblina etérea, e pequenas lagoas brilhavam como cristais. Passei a noite no cume, cercado por lendas e pelo céu estrelado, sentindo que estava em um lugar onde o tempo não existe.
Dia 5: Explorando o Topo do Monte Roraima
Este foi o dia mais mágico. Acordei cedo para explorar os principais pontos do Monte Roraima. Minha primeira parada foi o Vale dos Cristais, onde formações de quartzo brilhavam sob a luz do sol, criando uma paisagem de outro mundo. Caminhar por ali era como pisar em um campo de estrelas.
Depois, fui até o Jacuzzi, uma série de piscinas naturais com águas cristalinas. A coragem para mergulhar na água gelada foi recompensada com uma sensação de renovação indescritível. A Proa, um mirante que parece flutuar sobre o infinito, foi o ponto alto do dia. Lá, fiquei sentado por horas, contemplando a vastidão da paisagem e sentindo uma paz que nunca havia experimentado antes.
Outro destaque foi o Labirinto de Rochas, onde me perdi em caminhos sinuosos cercados por pedras gigantes. Cada curva parecia esconder um segredo, e a energia do lugar era quase palpável.
Dica de Ouro: aproveite para meditar e se desconectar. O Monte Roraima é um lugar para introspecção e para se reconectar com o essencial.
Dia 6: A Descida e a Despedida
Com o coração apertado, começamos a descida. Deixar o Monte Roraima foi como me despedir de um velho amigo que revelou segredos valiosos. Olhar para trás e vê-lo envolto em nuvens foi uma cena que ficará gravada para sempre na minha memória.
Apesar do cansaço, senti que havia saído dali uma pessoa diferente. Carregava comigo a energia, a força e a sabedoria daquele lugar sagrado.
Dicas Práticas para Viajantes
- Prepare-se fisicamente: A trilha é desafiadora, especialmente a subida para o platô. Faça caminhadas ou treine antes da viagem.
- Leve os itens certos: Roupas para frio e calor, capa de chuva, lanternas e medicamentos básicos são essenciais.
- Respeite a natureza: O Monte Roraima é um lugar sagrado. Não deixe lixo e não leve nada além de memórias.
- Documente sua jornada: As paisagens são tão impressionantes que você vai querer registrar cada momento.
- Aposte na introspecção: Aproveite o silêncio e a energia do lugar para refletir e se reconectar consigo mesmo.
Por Que Visitar o Monte Roraima
Minha viagem ao Monte Roraima não foi apenas uma aventura, mas um encontro com o desconhecido, tanto externo quanto interno. Este lugar tem o poder de transformar quem se atreve a explorá-lo. É uma jornada de desafios e recompensas, onde o místico e o natural se entrelaçam de forma única.
Se você busca mais do que uma viagem, mas uma experiência capaz de mudar sua perspectiva de vida, o Monte Roraima é o destino perfeito. Siga o chamado. Ele está esperando por você, como esperou por mim.
